terça-feira, 29 de novembro de 2011

Triste fim

Tempos atrás, talvez já há alguns anos, causou-me arrepios saber que correntes de ferro presas, em cada uma de suas pontas, a tratores são usadas para desmatar grandes áreas de floresta, em uma só tacada, não se fazendo qualquer distinção entre as árvores derrubadas e sem nenhuma consideração aos animais habitantes dessas matas.

Soube dias atrás, ao ler a matéria “Morte de animais em SC preocupa cientistas”, em O Estado de S. Paulo, que um método similar tem sido usado, porém em bioma totalmente diferente, ainda que de tão imensa extensão: o mar. Trata-se da pesca de emalhe, “processo em que a rede é lançada com pesos em uma extremidade e flutuadores na outra”, conforme o texto de Evandro Fadel.

O resultado: 26 tartarugas-verdes, 12 botos, dois golfinhos-cinza, duas baleias e uma toninha cujas vidas foram ceifadas – ainda que não se tenha certeza absoluta de que todos esses animais morreram por conta da pesca de emalhe, as suspeitas são fortes e o número de mortes na região é muito acima do normal.

Fico me perguntando qual será o próximo método cheio de crueldade de que saberemos nas páginas, digamos, ecopoliciais – pois são crimes dos mais hediondos – de nossos jornais e sítios da internet. Os vilões da ficção perdem, e de longe!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Final feliz

Fiquei comovido com a história de Joca, uma calopsita que fugiu de casa – talvez o verbo correto não seja este, pois muitas dessas aves na verdade escapam acidentalmente de onde residem – e ficou 32 dias perdida nas ruas da zona oeste de São Paulo, até ser encontrada.

Após o sumiço de Joca, em 15 de outubro, sua dona, Elizabeth Lino de Andrade, colocou cartazes nas ruas e avisos em pet shops do bairro de Perdizes. No último dia 16, recebeu um telefonema de uma mulher que encontrou o pássaro numa praça da Barra Funda, um bairro vizinho. Era Joca de fato: uma marca na pata e a reação ao rever a dona não deixaram dúvidas.

Essa história me foi particularmente tocante porque convivo há pouco mais de seis anos com uma calopsita, a fêmea Sardela. Muito esperta e inteligente, é simplesmente uma graça, ao mesmo tempo terna e temperamental, com personalidade própria. É muito apegada aos donos – seu xodó é meu irmão mais velho, que a trouxe para casa, em julho de 2005 – e mais ainda aos seus ovinhos, quando os coloca e os choca (já foram mais de cem, até o momento nenhum com filhote, pois, dado o seu gênio forte, ainda temos dúvidas quanto a apresentá-la a um macho).

Tem sua gaiola, grande aliás, mas vive a maior parte do tempo em que fica acordada fora dela. Brinca em seu playground e principalmente nos ombros e joelhos da família. Come quase de tudo, desde sua ração até frutas e verduras diversas, num cardápio variado.

Em redes sociais como o Orkut, já soube de muitas casos de calopsitas perdidas, a maioria deles sem final feliz, ao menos para seus donos, mas muito provavelmente para elas também, haja vista que Joca, ao ser encontrado, parecia traumatizado pela experiência de pouco mais de um mês fora de casa – portanto, se não vítimas de predadores (incluindo os perigos das ruas), é muito provável que tenham difícil adaptação a esse novo ambiente, exceto, talvez, quando se enturmam com os pássaros urbanos.

Embora a internet hoje disponha de sites que facilitam essa dura empreitada, penso ser interessante que se crie uma central – seja pelo poder público, seja por ONGs, o que talvez seja mais apropriado – que encurte o contato entre quem perde e quem encontra animais que saíram de suas casas. Se incluirmos cães, gatos, outros pássaros e até mesmo tartarugas, imagino que os casos somem centenas ou milhares por ano, em grande cidades como São Paulo.

Mais detalhes sobre Joca e seu episódio com final feliz – e que espero só tenha momentos de felicidade daqui para frente – estão no texto “Após 32 dias, dona acha calopsita”, de Tiago Dantas, de O Estado de S. Paulo (o único reparo que faço à matéria é quanto à expressão “asas cortadas”, pois na verdade são algumas penas das asas que são aparadas a fim de que não voem grandes distâncias). As fotos que acompanham esta postagem são de Joca e sua dona, Elizabeth – de autoria de Evelson de Freitas, da Agência Estado –, e de nossa amada Sardela, a quem também chamamos de Sarda ou Sardinha – como diz meu irmão, “a coisa mais linda do mundo”.

sábado, 19 de novembro de 2011

Curso em São Carlos

Estarei em São Carlos (SP), considerada a capital da tecnologia em nosso país, entre os próximos dias 23 e 25, para ministrar mais uma edição do Curso de Redação em Divulgação Científica, na Fundação Pró-Memória, ligada à prefeitura local, dentro da programação da primeira edição da Semana de Patrimônio.

O curso será composto de cinco sessões, com os seguintes temas-base: 1) Divulgação científica, ciência e comunicação: mitos e conceitos. 2) Peculiaridades do texto de divulgação científica. 3) Adaptação e precisão. O que ter em mente ao escrever sobre ciência. 4) O artigo científico e o texto de divulgação: diferenças fundamentais. 5) Reflexões sobre o ato de divulgar. Balanço e encerramento.

Os principais objetivos do curso serão: promover nos participantes a conscientização a respeito da importância da divulgação científica; transmitir aporte teórico essencial não apenas sobre a divulgação científica em si, mas igualmente nos campos do conhecimento que lhe são basilares, que são a ciência e a comunicação; desenvolver as habilidades de escrita em textos de DC, a fim de que sejam claros e eficazes, como se requer de produções destinadas a um público amplo.

Realizado em versões presenciais e à distância desde 2004 – às vezes sob o pomposo nome de Curso de Redação Avançada em Ciência e Tecnologia “Leitura e Escritura da Divulgação Científica”, outrora simplesmente como Curso ou Oficina de Redação em DC –, teve seu início na Escola de Comunicações e Artes da USP, com o apoio acadêmico do Núcleo José Reis de Divulgação Científica.

De 2007 para cá, é promovido pela Legulus Cursos de Difusão Cultural, da qual sou sócio, e em sua versão on-line conta com o apoio do CanalCiência, ligado ao Ibict (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Além de mim, já teve como professores Renato Pignatari Pereira, Jean Pierre Chauvin, Adriana Petroni e Mário Martinez.

Os interessados devem entrar em contato com a Fundação Pró-Memória, pelo telefone (16) 3373-2700, ou e-mail promemoria@saocarlos.sp.gov.br.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Menino-ímã?

Já tinha lido ou visto outras matérias a respeito de semelhante fenômeno, sem maiores esclarecimentos. De qualquer modo, ao ver a edição de ontem do Jornal Hoje, da Globo, voltei a ficar intrigado com os “meninos-ímã” que supostamente atraem para seu corpo objetos metálicos como moedas e talheres.

A reportagem (“Excesso de oleosidade pode fazer corpos de crianças atraírem objetos”) mostrou o jovem Marcos Paulo, de Goiânia, e consultou dermatologistas, que concluíram ser a oleosidade da pele o determinante para o “magnetismo” do garoto. Enfim, os objetos na verdade estariam grudados, não sofrendo qualquer atração.

Estava quase convencido da explicação quando uma das últimas imagens mostrava Marcos com a base de um ferro de passar roupas junto ao peito. Aí me perguntei: como pode apenas a oleosidade cutânea ser responsável por suportar o peso de um objeto como esse? E me veio ainda a questão: por que não fizeram exames mais sofisticados para descartar (ou não) qualquer hipótese de algum efeito magnético estranho no corpo do jovem goianiense?

Quem já assistiu a programas como o bom e velho Acredite se quiser, ou ao mais recente Super-humanos de Stan Lee, que passou no History Channel há pouco tempo, sabe que, ainda que não existam mutantes como os X-Men, há quem possua capacidades fora do comum, como imunidade à corrente elétrica e resistência a pesos muito maiores do que normalmente podemos suportar.

Não seria mais apropriado, então, investigar mais a fundo o suposto efeito magnético de garotos como Marcos Paulo, consultando especialistas em diferentes áreas da ciência?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11/11/11

Muitos vão considerar bobagem – talvez com razão –, mas não resisti a escrever algumas breves linhas sobre o tão comentado 11 de novembro de 2011 prestes a se encerrar – até porque nasci num dia 11, mas de fevereiro, e em 1977 (opa, não é 11 mas é 77!).

Respeito muito ramos e tradições como a numerologia e a cabala judaica, a meu ver injustamente considerados pseudocientíficos (acho melhor dizer paracientíficos ou simplesmente não científicos, o que não lhes tira o valor), e até não descarto a possibilidade de alguma influência – não provada ou sequer aventada cientificamente – dos números em nossas vidas.

Cheguei inclusive a ler, embora um tanto em diagonal, sobre um certo portal dimensional ou de energia que teria se aberto hoje. Acredito sim na existência de outras dimensões da vida, inclusive aquelas em que estariam os que, para nós, já se foram.

Ainda assim me pergunto: qual poderia ser a real influência de uma data determinada pelo próprio ser humano, visto que os criadores do calendário fomos nós, com imprecisões sobre seu marco zero (o nascimento de Jesus) e mudanças em seu percurso, como a promovida por Gregório XIII?

De qualquer modo, fui convidado a fazer, às 11 horas da manhã de hoje (e, por via das dúvidas, ao meio-dia, por conta do horário de verão), uma oração, mentalização ou meditação especial, de conexão com planos superiores da existência. Fiz – e com muito gosto – e então entendi que somos nós que não apenas fazemos a data, como também a oportunidade, qualquer que seja o dia, de abrir um portal em nossas mentes e corações, a fim de termos um mundo mais harmonioso.

Que assim seja até 12/12/12, e bem depois disso!

Núcleo José Reis de Divulgação Científica

Há pouco mais de um ano, mais exatamente no dia 30 de setembro de 2010, deu-se o episódio que ficou conhecido, especialmente em redes sociais da internet, como “barraco no CJE”. O CJE em questão é o Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e o “barraco” se tratou de uma acalorada discussão envolvendo professores desse departamento e integrantes – inclusive da coordenação – do Núcleo José Reis de Divulgação Científica (NJR).

Fui aluno do CJE e trabalhei por longos anos no ou para o NJR – fui editor de suas publicações por sete anos e depois passei a ser colaborador, às vezes muito próximo, outras de modo mais eventual. Não participei do “barraco”, e por isso não cabe a mim relatá-lo ou dar qualquer opinião sobre ele. Sobre o que motivou a discussão, porém, tenho muito a falar – o que demorei a fazer, esperando um hipotético momento certo (se é este, não sei, mas não podia encerrar este ano sem me pronunciar).

Não mencionarei os nomes de nenhum dos envolvidos na briga, seja para preservar aqueles por quem tenho estima, seja pelo pouco que me resta de respeito e admiração intelectual por aqueles que, no meu entendimento, foram responsáveis – ou coniventes – por ações das mais graves que já pude testemunhar. Quem me conhece ou está por dentro da história saberá de quem estou falando.

Vamos aos fatos. Não me recordo bem da ordem cronológica dos acontecimentos, mas semanas antes – creio que já em agosto – da discussão no CJE, o Núcleo José Reis de Divulgação Científica foi vítima de três atitudes gravíssimas: sua sede, no então Bloco 9 da ECA (prédio que foi derrubado no início deste ano), foi lacrada, o seu site foi completamente apagado e três professores foram incluídos no conselho deliberativo do NJR sem que se consultassem os membros do Núcleo, conforme consta de seus estatutos.

O motivo alegado para tais ações foi de que haveria irregularidades cometidas por parte dos integrantes da coordenação do Núcleo, especialmente com relação aos rendimentos provenientes do Curso de Especialização em Divulgação Científica, promovido desde 2000. Se houve irregularidades, não sei, e não tenho como provar nem sua existência, nem o contrário. De qualquer modo, os acusados têm pelo menos cinco razões para se defenderem: 1) o curso em questão era um dos mais baratos da USP entre os de mesma categoria – trezentos reais a mensalidade, enquanto outros chegavam a duas ou três vezes isso; 2) nem sempre as turmas tinham muitos alunos, às vezes passavam de trinta, mas outras sequer chegavam a quinze; 3) havia despesas com o pagamento de professores, estagiários – pois nem sempre havia financiamento externo –, impressão de livros, entre outras; 4) se a intenção era ganhar dinheiro, outros cursos teriam sido abertos e outras fontes de renda criadas; 5) se alguém trabalhava lá, não eram os que acusam, que mal pisavam na sede do Núcleo, mas sim os acusados, que estavam quase todos os dias ali, desde que comecei a participar do NJR, em 1997.

Nem a maior das irregularidades, se provada, seria motivo suficiente para as ações que culminaram no “barraco no CJE”. O Núcleo José Reis foi ferido institucionalmente, de modo brutal. Não apenas suas salas foram fechadas – com material precioso, de livros e computadores a um microscópio usado por ninguém menos que Crodowaldo Pavan, um dos pais da genética brasileira, membro da coordenação do Núcleo até sua morte, em 2009 –, como também ficou indisponível o acervo de seu patrono, José Reis, considerado o maior divulgador científico da história de nosso país. Exceção feita à biblioteca de Reis, até hoje não se sabe onde se encontra o conteúdo das salas do NJR no antigo B9.

Já o site do Núcleo talvez fosse o mais extenso dentre os centros de pesquisa da Universidade de São Paulo. Continha textos de centenas de pessoas, dentre integrantes, colaboradores e alunos do NJR, não apenas em páginas comuns, mas igualmente em revistas eletrônicas com ISSN (sigla em inglês para Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas), como Espiral e Vox Scientiae. De um dia para o outro, seus textos foram excluídos da internet. Se mencionados nos currículos vitae ou lattes de parte dessas centenas de autores, com link e tudo, não podiam mais ser acessados – e os (ir-)responsáveis por tal atrocidade sequer consideraram esse aspecto. Mais de um ano após a deleção, o site continua “temporariamente fora do ar, em manutenção”.

É verdade que o Núcleo José Reis estava distante de seus tempos áureos, vividos, a meu ver, entre 2002 e 2006, tendo como marcos o Congresso Internacional de Divulgação Científica, nove anos atrás, e a conquista de uma Cátedra Unesco nesse tema, há cinco anos. É verdade que os acusados de irregularidades cometiam seus pecados – algum excesso de vaidade, decisões às vezes tomadas por capricho, ações vez ou outra feitas na base do improviso, equívocos em certos aspectos de sua linha editorial. Mas, a seu jeito, estão entre os principais responsáveis – grupo do qual não fazem parte os que os acusam – por terem conduzido o NJR a um patamar de enorme reconhecimento no campo dos estudos e ações em divulgação científica.

Dentre os que não se envolveram no “barraco no CJE”, provavelmente sou a pessoa que melhor conhece as qualidades e os defeitos daqueles a quem se acusa de irregularidades. E afirmo, com veemência: suas qualidades não apenas superam os seus defeitos, como o pior de seus defeitos – ou o conjunto de todos eles – não excede ou mesmo chega aos pés dos atos indignantes promovidos por seus adversários (alguns dos quais se diziam amigos), que resultaram no estado de coma institucional em que se encontra o Núcleo José Reis, cuja sorte será decidida por sindicância em curso na reitoria da USP.

Tenho fé, apesar desses pesares, de que prevalecerão os espíritos de luta e lucidez de grandes cientistas e divulgadores que inspiraram e frequentaram o NJR, como o próprio José Reis, Crodowaldo Pavan, Oswaldo Frota-Pessoa – que já não estão mais entre nós –, Julio Abramczyk, Maria Julieta S. Ormastroni, Nair Lemos Gonçalves, Aziz Ab'Saber e outros de imensurável envergadura moral e intelectual. Com aqueles que sempre se dedicaram ao seu fortalecimento e outros que venham a contribuir com a causa da divulgação do conhecimento científico, o Núcleo José Reis de Divulgação Científica sem dúvida verá terminar sua idade das trevas e iniciar seu Renascimento.

Sobre a crise na USP

Embora uspiano de origem, e ainda me sinta como tal, pouco tenho ido à Universidade de São Paulo e mesmo conversado com amigos que lá trabalham ou vão à Cidade Universitária com mais frequência do que eu. Ainda assim, ante a preocupante situação deflagrada com a prisão, pela Polícia Militar, de estudantes que fumavam maconha, em outubro – e cujo ápice talvez tenha sido a ocupação do prédio da reitoria pela PM, com a posterior detenção de dezenas de alunos que se alojavam nesse edifício, nesta terça-feira –, sinto-me no dever de emitir algumas palavras.

Tenho, até o momento, três certezas. A primeira é a de que não há nem vilões nem mocinhos nessa história e o que mais tem faltado, na maioria das análises e comentários que tenho visto, são discernimento e equilíbrio, a fim de que se possa alcançar um mínimo de consenso.

Mesmo que tenham cometido um ato ilícito, ao invadir e ocupar a reitoria, estou certo de que nem todos os estudantes que ali se encontravam merecem ser tachados de vândalos ou arruaceiros, bem como de marionetes de partidos ou facções políticas, ainda que se possa dizer que cometeram um erro, independentemente de suas intenções, por melhores que fossem.

Penso que também não se pode confundir a questão da presença da PM no campus com outras referentes à gestão de João Grandino Rodas, reitor da USP desde janeiro de 2010. Não tenho elementos suficientes – especialmente pelo que disse no início deste texto – para avaliá-la, mas o que chega aos meus ouvidos até o momento é que a maioria das medidas tomadas por Rodas é no mínimo controversa, e talvez essa avaliação esteja distorcendo o debate relativo à presença dos policiais militares na Cidade Universitária.

A segunda certeza que tenho é de que algum policiamento mais intenso que aquele que havia antes da chegada da PM, feito então pela guarda universitária, é extremamente necessário. O assassinato, em maio, de um estudante da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) não foi o primeiro – há poucos dias um amigo me lembrou de um assalto a uma lanchonete da ECA (Escola de Comunicações e Artes) que resultou na morte de seu proprietário, isso ainda nos anos 1990. Ademais, os roubos e furtos, especialmente de carros, já se tornavam frequentes, e também sempre se comentou muito de casos de estupro nos bosques fechados e – à noite – escuros do campus.

O que questiono é se o modelo de policiamento na Universidade de São Paulo deve ser o mesmo de outros locais da cidade. Se a PM se preocupar em prender todo estudante que fuma maconha na USP, haja camburão! Melhor tentar combater o tráfico da erva e outras drogas fora dos muros uspianos. Estou certo de que um modelo semelhante à polícia comunitária, que conheça mais a fundo o cotidiano do lugar que se procura proteger, feito pela própria Polícia Militar em bairros como o Jardim Ângela, é bem mais apropriado e será menos passível a conflitos como o que vem ocorrendo.

Por fim, a terceira certeza: por mais justa que seja a causa, invadir e ocupar prédios públicos – e mesmo privados – em pleno funcionamento é um dos piores recursos de que se pode lançar mão para se manifestar e protestar. (Algo bem diferente do que fizeram os sem-teto, dias atrás, também em São Paulo, visto que se tratava de edifícios desocupados invadidos por gente que justamente não tem onde morar.) É preciso encontrar formas mais criativas, eficazes, envolventes e que não prejudiquem outras instâncias da USP ou de quaisquer outras instituições.

Espero, enfim, que volte a haver paz na Universidade de São Paulo, em todos os sentidos, e que o entendimento se faça por meio do debate saudável e produtivo, em que cada parte se disponha a ceder um pouco para se alcançar um bem maior.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Imagem, ciência e homenagem

Há alguns meses, neste mesmo blog, falei brevemente sobre os doodles do Google – logotipos modificados do site que visam celebrar uma data especial, como Dia das Mães e Natal, ou homenagear um artista, cientista ou, enfim, diferentes personalidades, nos dias em que fariam aniversário.

Ontem, 07 de novembro, foi a vez de prestar homenagem a Marie Curie, física polonesa que, com seu marido, o francês Pierre Curie, fez importantes descobertas no campo da radioatividade, a ponto de ganhar o Nobel de Física de 1903, dividido com seu esposo e Antoine Becquerel.

No 144º aniversário de seu nascimento, Marie Curie ganhou uma bela e singela homenagem, que julgamos conveniente reproduzir aqui, inclusive procurando valorizar o uso e a importância da imagem na divulgação científica, como outrora já frisamos:

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ciência sem fumaça

Após anos refletindo sobre a prática da divulgação científica, campo em que me especializei, veio-me ontem a ideia de que uma produção que se proponha a divulgar conhecimento científico é muitas vezes mais eficaz quando justamente não parece estar falando de ciência.

Foi a impressão que tive ao assistir, no dominical global Fantástico, ao primeiro episódio do novo quadro do médico Drauzio Varella, intitulado “Brasil sem cigarro”. Sem dúvida um dos melhores divulgadores de ciência do país – embora tenha escorregado, em outra série, ano passado, ao colocar no mesmo saco charlatanismo e práticas sérias como a fitoterapia e a medicina chinesa –, Dr. Drauzio, como é mais conhecido, não somente nos passa informações sobre o tabagismo, como também dá orientações, de maneira simples, sobre como largar o terrível vício do fumo.

Ademais, a série dá voz a fumantes que querem abandonar de vez o cigarro, seja com entrevistas, seja com vídeos que podem ser enviados pela internet. Tudo isso sem recorrer a termos técnicos e explicações complexas, elementos que costumamos a associar à ciência.

Aos que não puderam ver o primeiro episódio, ou querem acompanhar a série sem precisar ver o restante do programa, o quadro “Brasil sem cigarro” pode ser acessado no site do Fantástico.