Dizem alguns que o mundo vai acabar em 2012. Bobagem? Crendice? Superstição? Não sei. Assim como qualquer um de nós pode morrer, a qualquer momento, por um motivo qualquer, a Terra também pode fenecer, por diferentes razões, não se sabe quando – e olhem que ela anda bem menos saudável que a grande maioria das pessoas!
Ademais, quem assiste ao History Channel conhece uma série de programas em que muita gente séria – ao menos em tese – emite suas opiniões sobre o assunto, a partir de pesquisas que registram curiosas coincidências entre os calendários de diferentes povos, dos maias aos índios norte-americanos hopis, bem como anotações atribuídas ao profeta Michel de Nostradamus, sempre apontando 2012 como um ano-chave para o mundo ou a humanidade.
Não descarto algum grau de veracidade nas previsões da astrologia ou nas profecias. Estudioso que sou – ainda que muito longe de ser um catedrático no assunto – de doutrinas ou correntes espiritualistas ou esotéricas, artes divinatórias e movimentos paracientíficos, sei que há muita coisa que nossa ciência está não apenas distante de comprovar, como sequer suspeitar. Há muita bobagem, sem dúvida, mas em dimensão semelhante ao que podemos considerar no mínimo instigante, quando não arrepiante.
Os mais céticos – uma dose de ceticismo é sempre bem-vinda –, quando não refutam diretamente essas práticas, nos lembram que os astrônomos, geofísicos e demais cientistas que estudam a Terra como um todo, ou os fenômenos extraplanetários, em geral afastam qualquer possibilidade de destruição de nosso globo a curto prazo. Entretanto, por mais avançada que esteja nossa ciência, não detemos todos os conhecimentos necessários para descartar eventuais desastres maiores do que aqueles que já vêm ocorrendo – por falar nisso, se os recentes terremotos na Indonésia, no Chile e no Japão talvez já tenham provocado alterações no eixo de rotação do planeta, como foi apontado por pesquisadores, mais alguns podem causar inclinação fatal para mudanças mais bruscas no clima global.
Não quero, com esses comentários, engrossar a fileira dos fatalistas, catastrofistas ou mistificadores, bem como dos enceguecidos por esse tipo de pensamento calcado em fervorosa certeza da destruição. Ainda que a dor e a perda nos sejam, não raras vezes, instrumento ou incentivo para a evolução, inclusive nos campos da ciência, rejeito fortemente a ideia – com frequência exposta ou defendida com incompreensível entusiasmo – de uma pretensa purificação do orbe terrestre a partir da morte de milhões ou bilhões de pessoas.
O que tenciono argumentar aqui é que a possibilidade de uma destruição total ou parcial do planeta ou da humanidade não é tão insignificante – tal como a de qualquer pessoa vir a morrer a qualquer instante, como afirmei no início – a ponto de ser desconsiderada, em especial se pensarmos na situação climática geral e em suas possíveis consequências, como o derretimento das calotas polares.
Se me perguntarem no que acredito, minha resposta é a seguinte: creio sim que possa ocorrer uma grande transformação ainda este ano – se é que já não está havendo. Mas torço para que seja de outro teor: o surgimento de novas ideias, o lançamento de um livro revelador, a descoberta da cura de uma grande doença, avanços mais acelerados da ciência, melhorias em educação e saúde, quem sabe até contato com seres de outros planetas ou dimensões da existência.
Enfim, algo bombástico, mas com poder de construção, não de destruição. Que assim seja!
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