quarta-feira, 29 de junho de 2011

Economia (ou melhor, as nossas economias) em perigo

Entendo muito pouco de economia, masmomentos em que não podemos deixar de dar nossos pitacos.

No bairro onde moro, os dois mercados de grande ou médio porte mais próximos são um Pão de Açúcar e um Carrefour. Num (não direi qual), os preços são razoáveis; no outro, os produtos em geral são mais caros, mas de qualidade não raras vezes melhor que no concorrente.

Quandonecessidade de se fazer compras grandes, daquelas pra sustentar a família por uma semana inteira ou mais, normalmente usamos um supermercado de uma terceira rede. Mas fica em outro bairro, o que às vezes nos desanima a ir. Então compramos um pouco no Carrefour, outro pouco no Pão de Açúcar, outro tantinho num minimercado também aqui perto, e por assim vai.

Fico me perguntando o que acontecerá se houver a fusão entre a rede de Abílio Diniz e a parte brasileira da multinacional de origem francesa. Os preços não irão ficar mais baixos, por certo... e teremos, enfim, uma opção a menos – e, para certos produtos, praticamente uma única opção nas redondezas.

Não sou daqueles que veementemente bradam contra as mazelas do capitalismoque existem, é fato. Mascoisas que, ainda que estejam na esfera do privado, trazem enormes consequências para o grande público, para o bem ou para o mal. Em casos como esse, ainda que tenhamos órgãos como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), penso que as decisões deveriam envolver mais a participação da população. Não sei exatamente de que forma, mas fica a sugestão (e a oportunidade de receber sugestões complementares).

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Lixo energético

Ainda não estou convencido de que devemos descartar a energia nuclear, haja vista o altíssimo potencial de geração de eletricidade, muito maior que o de todas as outras fontes, proporcionalmente (painéis solares e usinas eólicas, por exemplo, ainda geram muito pouco, em comparação aos reatores atômicos).

De qualquer modo, vi como bastante auspiciosa a notícia sobre o projeto da primeira termelétrica movida a lixo do Brasil, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

É fato que não é, por enquanto, a solução ideal, visto que os gases resultantes da queima de lixo podem vir a ser nocivos. Mas, mesmo que isso se confirme, creio que não tardará até que se encontre uma solução e possamos sonhar em ver resolvidos dois problemas: o da escassez de energia e o do excesso de lixo, que não sabemos mais onde depositar.

Detalhes sobre a futura usina termelétrica estão na reportagem “SP vai licitar primeira termelétrica movida a lixo do Brasil”, de Eduardo Carvalho, do G1.

Brasil: país mais que surreal

Como se não bastassem os livros didáticos com erros ou proposições questionáveis, bem como a corrupção deslavada a ponto de ser registrada em cartório, como apontei há poucas semanas, neste mesmo blog, eis que algo ainda mais assombroso estampa o nosso noticiário: um médico tão, mas tão dedicado a seu ofício, que chega a trabalhar 31 horas por dia.

E por aí segue a farra dos plantões, tardiamente destacada por nossa imprensa, derrubando até secretário de governo.

Dia após dia, o Brasil prova ser um país infinitamente surpreendente.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ciência, enganos e enganações

Há (ainda) quem pense que divulgação científica se resume às notícias sobre ciência e se dá, portanto, apenas quando feita com a intenção explícita de passar informações sobre o que provém dos laboratórios e demais campos de pesquisa.

Cada vez mais acredito que a divulgação científica é sobretudo um processo, pelo qual conhecimentos da ciência, por vias muitas vezes inusitadas, conseguem chegar a camadas maiores ou menores da população – e nem sempre com o mero propósito de transmitir novidades. Um processo hoje em dia bastante complexo, especialmente pela existência recente das redes sociais.

Boa divulgação científica, no entanto, é aquela que nos faz não apenas conhecer, mas igualmente pensar, raciocinar, como diria o grande mestre Crodowaldo Pavan. E me surpreendi, nesse aspecto, como o quadroParque das Enganações”, do dominical global Fantástico.

Nele, o mágico Kronnus recorre à física e à geometriamas sem entrar em detalhes mais intrincadospara explicar, a meu ver de maneira bem clara e concisa, como se trapaceia em brincadeiras promovidas em parques de diversões, como o boliche de garrafas, o cubra os pontos e o jogo das argolas.

Antes que eu me prolongue em divagações desnecessárias, assistam ao quadro acessando a páginaMágico desvenda truques dos jogos de festa junina”.

sábado, 18 de junho de 2011

Nota triste

Soube ontem do falecimento da ativista ambiental Ethel Weitzman, na última quarta-feira, dia 15. Conheci-a há alguns anos, durante uma manifestação em frente ao Parque Trianon, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Fui revê-la somente no ano passado, quando se tornou aluna do Curso de Especialização em Divulgação Científica do Núcleo José Reis, em que dou aulas.

Não cheguei a conhecer profundamente seus projetos, mas era evidente seu empenho em lutar por um mundo melhor e mais consciente de seus deveres para com a natureza e, por conseguinte, consigo mesmo.

Ainda não havia formalizado seu grupo como ONG, o que pretendia fazer em breve, segundo me contou a amiga Glória Kreinz, que chegou a visitá-la no hospital, vítima de um mal que os médicos não souberam identificar precisamente.

Onde quer que esteja – e acredito que esteja em alguma outra paragem de nosso imenso multiverso –, desejo a Ethel que todo o bem que plantou ou tentou plantar se reverta em seu próprio benefício. E que continue a ser inspiração para todos os que lutam por causas tão nobres quanto as que incansavelmente defendeu, com profundo idealismo.