segunda-feira, 6 de junho de 2011

De imagens e falácias

O Dia do Meio Ambiente (ontem, 05 de junho) não passou em branco nos dois grandes jornais paulistanos. E, talvez por ter sido domingo, foi celebrado na forma de vultosos cadernos especiais. Não li todos os textos, mas, daquilo que pude apreciar, vi muito mais coisas boas do que ruins – e, dentre estas, nada que tenha julgado grave, jornalisticamente.

O que mais me chamou a atenção, contudo, foram as fotos. O que prova que a divulgação da ciência não precisa necessariamente de textos para acontecer. Uma foto, não raro, pode impactar de tal forma a mente – e por que não a alma – de uma pessoa, que ela talvez nunca mais se esqueça de uma ideia, de um conceito, e atrelado a uma boa dose de sensibilidade.

No especialPlaneta: Sustentabilidade & Meio Ambiente”, de O Estado de S. Paulo, meu destaque é para a imagem – de cortar o coração – de um pequeno tamanduá em agonia, tentando se proteger do fogo, feita por ninguém menos que Araquém Alcântara. “Ele parecia dizer: ‘Quem é você, o que pode fazer por mim?’” – relata o renomado fotógrafo.

no “Especial Ambiente”, da Folha de S.Paulo, a foto que mais me chamou a atenção foi a de um serelepe macaquinho arrastando um saco de lixo no Horto Florestal da capital paulista, de autoria de Marlene Bergamo, da Folhapress. Ainda que um tanto preocupante, por conta da presença indevida do plástico no meio ambiente, contrasta com a do tamanduá por seu toque de humormesmo que isso fique apenas na imagem, e não na realidade que ela transmite.

Também me saltou aos olhos a grande presença de anúncios publicitários. É algo que tem sido muito comum em datas comemorativas como a de ontem, mas é preciso estar atento às falácias do recente discurso da sustentabilidade. Há quem o use de forma legítima e bem intencionada, é verdade, mas nãopara engolir, por exemplo, que uma construtora que vem contribuindo com a destruição de quarteirões inteiros, descaracterizando bairros e erguendo prédios a rodo em São Paulo, venha se arrogar a condição de sustentável (só se for para si mesma), ou, então, de promotora da sustentabilidade!

Broncas à parte, reproduzo abaixo as fotos que mencionei. Elas, sim, valem a pena.

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