terça-feira, 22 de março de 2011

Mordida científica (não importa o que isso queira dizer)

A estreia ontem (21/3) de Morde e Assopra, nova novela das 7 da Globo, chamou a atençãomais do que por suas qualidades artísticas, quase sempre discutíveis quando se trata de televisãopor apresentar duas temáticas de cunho científico não apenas, a meu ver, como mero pano de fundo, mas como elementos essenciais a parte das tramas que se desenrolam no folhetim, de autoria de Walcyr Carrasco.

Por um lado, uma paleontóloga e sua equipe, após terem seus trabalhos de escavação arrasados por um terremoto no Japão (mera coincidência, pois as cenas foram gravadas meses antes da tragédia real do início deste mês), vêm ao interior de São Paulo tentar desenterrar o fóssil de um titanossauro – o que, ao que parece, será a grandenoveladentro da novela, visto que o proprietário das terras onde se encontram os ossos fará de tudo para impedir as escavações e, de quebra, se apaixonará pela mocinha (a própria paleontóloga), apesar das brigas em torno do “dino”.

Em outra vertente, um especialista em robótica, cuja namorada está desaparecida algum tempo, não poupará esforços para criar uma robô (no feminino mesmo, até porque se trata da atriz Flávia Alessandra) à imagem e semelhança de sua amada. Algo que inevitavelmente nos faz lembrar de incontáveis obras que de alguma forma tratam da relação entre homens e máquinas, quando não da “humanização das máquinas”, de Blade Runner a Star Trek e sua personagem Data, da nova geração, sem falar dos pioneiros da literatura de ficção científica.

Não é de se esperar, é claro, precisão científica em uma produção ficcional, ainda mais destinada ao grande público e mutável conforme a reação dos espectadores caso das telenovelas. Muito haverá de fantasia, e imprecisões poderão ser comuns. Mas torçamos para que a ciência seja tratada de maneira digna e que uma importante função da divulgação científica (ainda que não se trate de uma produção de DC propriamente dita, embora esteja imersa em seu campo de atuação) seja cumprida: a de estimular, em especial entre os jovens, o gosto pela ciência.

Um comentário:

  1. A novela terminou sexta-feira passada (14/10). Consegui ver grande parte dela, o que foi facilitado por ser na hora do jantar. Gostei. Como escrevi em março, houve muita fantasia (e não coloco isso como uma crítica, mas como característica natural a muitas produções de ficção) e não se foi muito a fundo em detalhes científicos. Mas a meu ver cumpriu bem o papel de mostrar a ciência como algo positivo e presente no dia a dia das pessoas, estimulando possíveis vocações a eclodir. Destaque para o discurso da personagem Júlia (Adriana Esteves), a paleontóloga protagonista, no fim da novela, pedindo incentivo à pesquisa e ressaltando a importância vital da educação. Que seja o começo de uma sequência de produções da teledramaturgia brasileira com temáticas de cunho científico.

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