quinta-feira, 10 de março de 2011

Não aos dogmatismos – religiosos ou científicos

Sem dúvida muito oportuno o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, lançada ontem (9/3): “Fraternidade e a vida no planeta”, reforçado pelas palavras de Paulo de Tarso, no capítulo 8, versículo 22 de sua epístola aos romanos (“A criação geme em dores de parto”). Mostra estar a Igreja Católica sensível às questões concernentes à qualidade de vida dos seres humanos e à própria sobrevivência da Terra – e essa temática esteve presente em edições anteriores da mesma campanha.

Tanto quanto a preocupação com o futuro do planeta e com a conscientização a respeito do tema, é importante ressaltar a tentativa de aproximar, ainda que de forma sutil, a religião de assuntos de cunho científico. O que temos visto, normalmente, é o embate ácido entre ciência e religião, alimentado não apenas por correntes menos transigentes de ambos os lados, como também por não poucos meios de divulgação, intencionalmente ou não.

Um exemplo clássico é o dos debates em torno de criação e evolução – ou, enfim, dos “ismos” que as representam, o criacionismo e o evolucionismo. Por um lado, parece só haver uma proposta criacionista, a do Gênesis bíblico; a ciência, por seu turno, apresenta como único representante a Teoria da Evolução de Darwin. Ignoram os contendores haver outras visões, de teor religioso ou filosófico, sobre a criação do Universo e da vida na Terra, bem como outras teorias científicas que abordam a evolução das espécies – ainda que a darwiniana seja a mais bem sucedida e mais abrangente, porém não isenta de lacunas que a evolução (!) da ciência sempre teima em evidenciar, reformando ou derrubando paradigmas ao longo do tempo.

Ignoram também propostas que conciliam criação e evolução, como as apresentadas por gente do porte de Teilhard de Chardin e Allan Kardec, bem como o olhar eivado de espiritualidade sobre o mundo de um Albert Einstein.

Minha opinião? Sou fascinado pela ciência e um admirador profundo da Teoria da Evolução proposta por Charles Darwin. Mas acredito em Deus. Portanto, seria incoerente de minha parte posicionar-me a favor de um criacionismo extremo ou de um evolucionismo puro. Penso que criação e evolução não são excludentes.

Mais importante, porém, é expressar o que penso sobre a qualidade dos debates sobre o assunto, a meu ver muito superficiais e carregados de extremismos. É preciso torná-los mais ricos, mais profundos, buscando alternativas que venham a se juntar ao Gênesis e a Darwin, sem dogmatismossejam eles religiosos ou científicos.

Um comentário:

  1. Prezado Mauro, Gostei particularmente deste seu escrito - refratário que é aos dogmatismos e ao senso comum. Aceite os cumprimentos de seu amigo. Jean Pierre Chauvin

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