Uma terça-feira rara este último 10 de maio. Os dois maiores jornais da capital paulista estampavam em suas capas, como manchetes principais, temas de cunho científico. “Depressão e álcool tiram mais anos de vida dos brasileiros”, mostrava a Folha de S.Paulo. “Governo quer abater dívida rural de quem reflorestar”, afirmava seu grande concorrente, O Estado de S. Paulo, referindo-se ao Código Florestal.
É fato que ambos os temas vão muito além da ciência, o que reforça a tese de que, especialmente hoje em dia, a divulgação científica não pode prescindir de seu caráter transdisciplinar. E assim precisa ser, caso contrário muito dificilmente fará frente a setores em geral de maior interesse dos brasileiros, como esportes, política e economia. Faz-se necessário aproximar a ciência do cotidiano de nossa população.
Temas de ciência pura – se é que isso existe – até podem chamar a atenção de muita gente, mas efetivamente interessam a poucos. Quantos de nós queremos saber os detalhes de uma estrela ou de um planeta distante recém-descoberto, ou então de uma partícula subatômica? Não devemos desprezar assuntos como estes, um tanto mais áridos para o público dito leigo, mas mesmo eles só arrebanharão mais mentes quando forem apresentados de maneira mais palatável para a maioria.
Sobre os temas que ganharam as capas dos dois jornais citados na última terça, por ora lanço apenas algumas indagações. Diz a Folha que “mudanças no estilo de vida e o envelhecimento da população causam mais transtornos psiquiátricos”; isso explica tudo? Como, então, tornar nossa vida mais saudável ou, então, menos “transtornável”? Não é hora de tentarmos corrigir esse e outros problemas na fonte, em suas causas, e não apenas tentar contornar ou controlar os seus efeitos?
Quanto ao Código Florestal, já muito comentado nos diferentes meios de comunicação, e que talvez venha a ser votado nos próximos dias, o que mais tenho visto são números: tantos metros pra cá, outros tantos hectares pra lá, e agora bilhões de reais acolá. Não seria melhor priorizar as qualidades, em vez das quantidades? Pelo jeito, já é tarde demais.
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