“Dialética do autoritarismo burocrático” é o título do mais recente artigo de Jean Pierre Chauvin, mestre e doutor em teoria literária pela USP, com quem tive o prazer de trabalhar entre 2006 e 2009, na Legulus Cursos de Difusão Cultural.
Atualmente professor na Fatec de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, Chauvin, um especialista em Machado de Assis, tem tratado do tema “mandonismo” pelo menos desde seu doutorado, a partir de exemplos de nossa literatura. Desta vez, porém, a análise passa longe da ficção e foca especificamente a realidade do dia a dia das corporações.
Dois aspectos especialmente me chamaram a atenção. O primeiro, o fato de o estudo buscar as raízes do autoritarismo no psiquismo humano, ainda que influenciado pelo meio – e não na realidade local ou cultural, como é comum se acreditar na academia, por mais que tal fator seja bastante relevante em muitos casos.
Muito interessante também o destaque dado aos traços de autoritarismo por trás do discurso, aparentemente simpático, que muitos pretensos líderes apresentam, com frases do tipo “passo-lhe a palavra”, “entendi sua posição, mas isso é o melhor que posso fazer”, “você poderia buscar um lanche para mim?” ou “é por essas e outras que você é meu braço direito”.
Numa época em que muitos cursos, eventos e livros procuram ensinar como deve agir um autêntico líder, e o autoritarismo se faz presente até mesmo nas redes sociais da internet, o tema abordado por Chauvin é dos mais oportunos. O artigo está no site da União Brasileira de Escritores (UBE), da qual o autor é membro.
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