Após o sumiço de Joca, em 15 de outubro, sua dona, Elizabeth Lino de Andrade, colocou cartazes nas ruas e avisos em pet shops do bairro de Perdizes. No último dia 16, recebeu um telefonema de uma mulher que encontrou o pássaro numa praça da Barra Funda, um bairro vizinho. Era Joca de fato: uma marca na pata e a reação ao rever a dona não deixaram dúvidas.
Essa história me foi particularmente tocante porque convivo há pouco mais de seis anos com uma calopsita, a fêmea Sardela. Muito esperta e inteligente, é simplesmente uma graça, ao mesmo tempo terna e temperamental, com personalidade própria. É muito apegada aos donos – seu xodó é meu irmão mais velho, que a trouxe para casa, em julho de 2005 – e mais ainda aos seus ovinhos, quando os coloca e os choca (já foram mais de cem, até o momento nenhum com filhote, pois, dado o seu gênio forte, ainda temos dúvidas quanto a apresentá-la a um macho).
Tem sua gaiola, grande aliás, mas vive a maior parte do tempo em que fica acordada fora dela. Brinca em seu playground e principalmente nos ombros e joelhos da família. Come quase de tudo, desde sua ração até frutas e verduras diversas, num cardápio variado.
Em redes sociais como o Orkut, já soube de muitas casos de calopsitas perdidas, a maioria deles sem final feliz, ao menos para seus donos, mas muito provavelmente para elas também, haja vista que Joca, ao ser encontrado, parecia traumatizado pela experiência de pouco mais de um mês fora de casa – portanto, se não vítimas de predadores (incluindo os perigos das ruas), é muito provável que tenham difícil adaptação a esse novo ambiente, exceto, talvez, quando se enturmam com os pássaros urbanos.
Embora a internet hoje disponha de sites que facilitam essa dura empreitada, penso ser interessante que se crie uma central – seja pelo poder público, seja por ONGs, o que talvez seja mais apropriado – que encurte o contato entre quem perde e quem encontra animais que saíram de suas casas. Se incluirmos cães, gatos, outros pássaros e até mesmo tartarugas, imagino que os casos somem centenas ou milhares por ano, em grande cidades como São Paulo.
Mais detalhes sobre Joca e seu episódio com final feliz – e que espero só tenha momentos de felicidade daqui para frente – estão no texto “Após 32 dias, dona acha calopsita”, de Tiago Dantas, de O Estado de S. Paulo (o único reparo que faço à matéria é quanto à expressão “asas cortadas”, pois na verdade são algumas penas das asas que são aparadas a fim de que não voem grandes distâncias). As fotos que acompanham esta postagem são de Joca e sua dona, Elizabeth – de autoria de Evelson de Freitas, da Agência Estado –, e de nossa amada Sardela, a quem também chamamos de Sarda ou Sardinha – como diz meu irmão, “a coisa mais linda do mundo”.
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