quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Destaque do mês (dezembro de 2011)

Divulgação científica nos trilhos

Ano Novo

Prezados leitores, colaboradores e amigos,

Pode ter sido difícil, duro, suado, mas espero que 2011 tenho sido, para todos vocês, um ano de muitas e saborosas conquistas – ou que pelo menos o terreno tenha sido bem preparado e o que se cultivou resulte em uma excelente colheita no ano que se aproxima.

Que em 2012 não apenas as conquistas – bem como os projetos – deste ano que termina deem frutos, mas outras sejam acrescentadas. De qualquer modo, para aqueles a quem 2011 foi complicado, desejo também que o novo ano seja ao menos um pouco mais tranquilo.

Aproveito para agradecer-lhes pelo incentivo e pela leitura, bem como pelos comentários, sugestões, críticas e elogios ao TransCiências, tanto aqueles feitos diretamente aqui (ainda foram poucos), como os que me fizeram pessoalmente ou por e-mail.

Um grande abraço, com os votos de muita paz, saúde, prosperidade e felicidade em 2012. Tudo de bom, até daqui a alguns dias!

Mauro Celso Destácio

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Natal

Mahatma Gandhi, que não era formalmente um cristão, chegou a afirmar que, se todos os livros da humanidade fossem destruídos, mas restasse o Sermão da Montanha, nada teria se perdido.

Outro eminente luminar do hinduísmo, Paramahansa Yogananda, em sua sublime Autobiografia de um iogue, se refere a Jesus de Nazaré não poucas vezes, destacando o valor de sua mensagem e chamando-o de Cristo, ainda que tenha havido outros cristos – palavra que significa “ungido” em grego.

Amado por muitos, renegado ou desprezado por outros, Jesus é sem dúvida a figura da história de nossa humanidade mais citada e interpretada – e não apenas no contexto religioso, mas também, embora em menor intensidade, nos meios filosófico, artístico e científico, bem como no dia a dia de bilhões de pessoas.

Tenha ele nascido ou não num dezembro de cerca de 2010 anos atrás (há controvérsias entre os historiadores, seja quanto ao mês ou ao ano), seja ele ou não um filho dileto de Deus, um ser mais evoluído que os demais ou um lúcido revolucionário, penso que sua mensagem, presente nos textos dos evangelistas, deve ser estudada com a mesma seriedade com que se analisam os escritos de um Shakespeare, um Cervantes ou um Guimarães Rosa, sem fanatismos ou concepções pré-formuladas.

É preciso discernir o que disse e fez Jesus, a despeito da ganga deixada pelas traduções, daquilo que, ao longo de todos esses séculos, já se falou sobre ele ou se fez em nome dele. Penso, porém, que propostas como “amar aos outros como a si mesmo”, “reconciliar-se com seu inimigo” ou “retirar a trave de nossos olhos antes de apontar ciscos nos olhos dos outros”, ainda que aparentemente pouco factíveis, constituem preciosidades de nossa humanidade e metas que devemos lutar por atingir, por mais árduo que seja e mesmo que verbos como “amar” ou “reconciliar-se” adquiram conotações diferentes das que costumamos usar.

Sigamos ou não uma religião, se procurarmos seguir o roteiro apresentado por Jesus de Nazaré, seremos efetivamente cristãos, como Gandhi e Yogananda o foram, mesmo seguidores de outras crenças. Não se trata de religião; trata-se de ética, de respeito para com nossos semelhantes, de regras de boa convivência, de viver dignamente e enxergar a vida de uma maneira menos materialista e mais plena de sentido.

A todos os que comemoram o Natal, desejo uma noite de 24 para 25 de dezembro muito feliz, com muita saúde, paz e harmonia, não deixando nunca de ter em nossas mentes e corações a bela mensagem do rabi da Galileia, algo que vale mais do que o mais valioso dos presentes que possamos ganhar.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Museologia no Adolfo Lutz

O Museu do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, está com inscrições abertas para o 3º Curso Básico-Teórico de Museologia e Museografia, a ser ministrado entre 9 e 13 de janeiro de 2012, das 8h às 12h, por Pedro Federsoni Jr. e Silvana Calixto.

O curso é gratuito e conta com 30 vagas. Detalhes do curso estão na imagem ao lado (basta clicar), e informações adicionais podem ser obtidas pelo telefone (11) 3068-2855 e e-mail treinamento@ial.sp.gov.br.

Boa intenção e pouca precisão

A intenção é o que importa e uma imagem vale mais do que mil ou sabe-se lá quantas palavras. Frases que costumamos ouvir e até têm o seu valor, em certa medida. Mas não era preciso exagerar, como vi dia desses na internet, na seção de fotos “Novas espécies são encontradas na Ásia”, no Yahoo.

Seis imagens são mostradas. O primeiro retratado foi identificado meramente como “réptil psicodélico”, sem constar nome científico, e habita a “Hon Khoai ilha” (evidente problema de tradução, talvez feita de modo automático). Já o segundo, um macaco “com topete ao estilo Elvis Presley” (?!), é mostrado numa “foto de Fauna & Flora International, Martin Aveling”, embora na verdade se trate de um desenho.

Então se segue: um “pequeno pássaro” cujo nome – comum ou científico – não nos é revelado, uma “espécie de lagarto” do rio Mekong (todos sabem onde fica?), uma salamandra, para variar, sem identificação precisa e, por fim, pescadores (não se tratava apenas de novas espécies?) do Mekong, cuja localização finalmente nos é apresentada.

Enfim, a intenção é das melhores e as imagens são bonitas e interessantes, mas a seção peca sequencialmente nas legendas. Parece bobagem e, afinal, erros acontecem, mas um pouco de cuidado não faz mal a ninguém, e a ciência e os leitores terão tudo a agradecer.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Em harmonia com a natureza

Li, há poucos dias, o livro Em harmonia com a natureza, de Eckhart Tolle, mais conhecido como autor de O poder do agora. É de leitura breve, mas com belíssimas imagens, que nos recomendam fazê-la com mais vagar e de modo contemplativo.

Vem também com dois DVDs – a um dos quais já assisti – com o conteúdo de palestra do alemão Tolle na comunidade escocesa Findhorn, uma espécie de retiro espiritual com exuberante paisagem, de onde vêm as fotos do livro, tiradas pelo próprio autor.

Quem vê Tolle pela primeira vez em vídeo provavelmente sente alguma estranheza: baixinho, curvado, com cara e jeitão de nerd, voz baixa e vagarosa, a sensação que fica de início é de que as quase duas horas do primeiro DVD vão se passar sofridas e sonolentas – ou então serão trocadas por qualquer outra atividade.

Mas não é o que acontece: Tolle nos fala sobre a importância do silêncio e do contato com a natureza de maneira tão lógica, envolvente e consistente, que o tempo passa e percebemos o que é, de fato, viver o agora.

Em harmonia com a natureza é normalmente classificado como livro de autoajuda. Discordo do uso desse termo, talvez criado para denominar obras e práticas categorizadas como inferiores, capciosamente. O próprio termo “autoajuda” (agora sem hífen, segundo nossa nova ortografia) traz em si uma contradição, visto que toda ajuda, em tese, pressupõe a ação de uma pessoa em prol de outra – “ajudar” vem de adjuto, do latim, com a presença do prefixo “ad”, que corresponde a “junto de”, “em direção a”. Portanto, em princípio não pode existir uma autoajuda propriamente dita.

Seja entre os livros classificados nessa categoria, como em qualquer outra, da ficção à poesia, dos de arte aos técnicos, há sempre bons e ruins, ótimos e péssimos, ainda que haja gosto para tudo. Em harmonia com a natureza sem dúvida está entre os bons, talvez entre os ótimos. Não vejo como julgar ruins concepções como esta:

“A mente consegue entender um jardim projetado por um paisagista, mas a floresta é caótica. Ela esconde uma ordem mais elevada que o intelecto não é capaz de compreender. Entretanto, conseguimos perceber essa ordem quando ficamos em silêncio. Somos parte dela, somos parte dessa concepção sagrada.”

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Escrita e ciência

Quero com muita satisfação informá-los das novas conquistas de dois dos melhores alunos que já tive e, mais do que isso, excelentes pessoas, competentes no que fazem e donos de ótimo texto, cada qual em seu estilo.

Emanuel Lima, nascido em Cabo Verde e residente há alguns anos no Brasil, zootecnista, mestre e doutor em aquicultura, meu ex-aluno no curso à distância Leitura e Escritura da Divulgação Científica, acaba de lançar o blog Escrita do Escrito, onde poderemos desfrutar de seu texto refinado, com característico sotaque luso-africano e pleno em forma e conteúdo.

Já a jornalista Paolla Arnoni, repórter de mão cheia, com texto claro e envolvente, inclusive em campos controversos como os da ufologia, a quem tive como aluna no Curso de Especialização em Divulgação Científica, do Núcleo José Reis da USP, passa a fazer parte da equipe do portal Jornal Ciência.

Estou certo de que ambos serão muito bem sucedidos em suas novas empreitadas. Que os ventos lhes sejam permanentemente favoráveis.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Conferência sem consciência

Terminou mais uma Conferência do Clima. O que se diz é que houve avanços em relação às edições anteriores, visto que Estados Unidos e China se comprometeram a cortar a emissão de gases-estufa, embora somente a partir de 2020.

Os especialistas divergem sobre o tamanho da influência do ser humano na situação climática atual do planeta. É inegável, porém, que a poluição atmosférica é prejudicial à Terra tanto como o cigarro o é para homens e mulheres, ainda que alguns sejam menos suscetíveis aos seus danos.

O que me espanta é a falta de bom senso – e de senso de urgência – de parcela dos participantes das já dezessete conferências sobre o clima. Não sabemos até que ponto nosso planeta suportará os males provocados pelos “racionais” seres humanos – ou até que ponto nós suportaremos a reação da natureza, a meu ver praticamente tão forte e inegável quanto a poluição com que a castigamos.

E teremos de esperar 2020 até que as coisas comecem de fato a se resolver – se é que não haverá mudanças de rumos antes disso? Antes da 18ª Conferência do Clima, em 2012, não seria adequado promover a 1ª Conferência da Consciência? É o que me parece faltar a alguns dos atuais conferencistas.

Pará dividido

O Pará continua o mesmo: os propostos estados de Tapajós e Carajás foram rejeitados por mais de 60% dos paraenses. Achei bom, pois a divisão, neste momento, seria inoportuna, demandando despesas extras hoje inconcebíveis, e provocaria enorme distorção na representatividade das então 29 unidades da federação na Câmara e no Senado.

No entanto, a maioria esmagadora dos habitantes daqueles que seriam os novos estados expressou o desejo – ainda que em parte movido por eventuais manipulações ou mero orgulho – de se separar do Pará. E daí decorrem as perguntas: por que querem a cisão? Se criados os novos estados, conseguiriam se sustentar financeiramente? Suas populações seriam de fato beneficiadas por conta dessa nova divisão territorial?

Ainda que a vontade dos residentes nas regiões de Tapajós e Carajás seja legítima, não vejo a separação como propícia a curto ou médio prazo. É preciso que o Brasil evolua em diferentes sentidos, a fim de que os recursos públicos sejam mais bem geridos, os casos de corrupção não passem de exceção e se faça uma reforma política que vise representar de modo mais equânime e proporcional as populações de todos os estados, talvez com o sistema de voto distrital misto. Enfim, algo muito distante de acontecer.

Ademais, a criação de novas unidades da federação deve vir acompanhada de projetos consistentes que a justifiquem, tendo em vista o bem dos que habitam os novos estados e do país como um todo. Em resumo, algo que não se costuma fazer neste país.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Divulgação científica nos trilhos

Conforme anunciei em post de 19 de novembro, estive em São Carlos, no interior paulista, considerada a capital brasileira da tecnologia, abrigando duas grandes universidades públicas e uma série de instituições de valor no campo científico, para ministrar uma versão compacta do Curso de Redação em Divulgação Científica, de 23 a 25 de novembro, na Fundação Pró-Memória.

Foi uma experiência das mais interessantes para mim. Em primeiro lugar, por conhecer um pouco de São Carlos e a Estação Cultura (cuja fachada está na primeira foto que acompanha este texto), onde é sediada a Fundação, instalada no prédio da antiga estação ferroviária local, hoje usada como tal apenas para transporte de cargas. Não foram poucos os momentos em que se tinha de dar uma pausa à aula, sem prejuízo ao curso, no aguardo da passagem dos trens, fazendo o prédio suavemente tremer – algo que achei fascinante, simplesmente sui generis.

O curso em si também foi dos melhores que já pude ministrar. Não apenas pude ensinar alguma coisa sobre divulgação científica e a arte-e-ciência de escrever para públicos diversos, como aprendi muito com os participantes, todos funcionários da Pró-Memória, com formação em áreas como história, arquitetura, sociologia, arquivologia, documentação e restauração.

Não apenas mostraram excelente desempenho na construção de textos, como igualmente apresentaram alto nível nas discussões que empreendemos sobre produções de divulgação do conhecimento científico. Terminaram o curso sem dúvida conscientes da importância de transmitir o saber da ciência de modo claro e eficiente, como era proposta do curso.

Na foto ao lado, Mariana Lucchino, Júlio Roberto Osio, Leila Maria Massarão, eu, Izolda Florêncio Coutinho, Ana Paula Neves, Aline Ulrich e Matheus da Silva Luiz (a autoria da foto é da jovem Yasmin, filha de outra integrante da Fundação, que nos fez a gentileza desse precioso registro). A mim só cabe agradecer a estes diletos participantes, bem como a Kellen Moraes, que intermediou todo o processo pré-curso, e à direção da Pró-Memória, por essa excelente oportunidade.

Por fim, apresento-lhes o texto com que encerrei o curso, de ninguém menos que José Reis, em compilação feita por sua fiel assistente e discípula, Nair Lemos Gonçalves, e publicada sob o título “Veículos de divulgação científica” no livro Os donos da paisagem, terceiro volume da Coleção Divulgação Científica do Núcleo José Reis, de 2000, organizado por Glória Kreinz e Crodowaldo Pavan. Por si só, uma verdadeira aula:

“Na escolha dos assuntos de divulgação muitas vezes sou movido pela necessidade de melhor me informar sobre algum problema, que de súbito me salteia. Maior ainda é a alegria quando escrevo por sugestão do leitor, o que não é raro, mesmo quando a pergunta esteja longe de minha imediata cogitação; isto me obriga a enveredar por um caminho novo, fazer meu aprendizado e transformá-lo depois em ensinamento. Certa vez o Prof. Oto Bier, no Instituto Biológico, me perguntou se não era monótono e cansativo toda semana arranjar um assunto diferente e prepará-lo para divulgação. Creio haver mostrado que assim não ocorre, porque essa tarefa envolve dois dos maiores prazeres desta vida: aprender e repartir.

“Suponho até que a alegria do divulgador é maior que a do mestre, que ensina em classes formais. O divulgador exerce um magistério sem classes. [...]

“Importa, em primeiro lugar, um pouco de coragem para dispensar a precisão exigida de texto científico preparado para especialistas, e apelar para analogias, generalizações e aproximações. A coragem de ser humilde. [...] Falei em coragem. Sim, a coragem de parecer ignorante, porque é comum o cientista que tenta a popularização pensar que os colegas poderão tomar por erro aquilo que é deliberada simplificação. Na verdade, que importa se assim pensarem? [...]

“Caracteriza-se o estilo enxuto pela ausência de prolixidade (circunlóquios, sequência de sinônimos, adjetivação oca), comparável à estática ou ao ruído de fundo. Evitar palavras e termos inúteis há de ser preocupação de quem busque o comedimento estilístico. Cumpre, entretanto, notar que a redundância, quando repetição de um mesmo conceito ou fato, às vezes se impõe para melhor compreensão do assunto, é premeditada e realiza-se por meio de palavras e formas diferentes, que sirvam de alternativa a outra explicação.

“Ao comedimento estilístico não se oporá a vivacidade, que é essencial. Escreva-se, quanto possível, como se fala. Para isso imagine-se o autor conversando com invisível leitor, cujas dúvidas procure adivinhar, pondo-se em seu lugar.

“Erro que frequentemente cometem os iniciantes é enxertar muita informação diferente no artigo. Este deve preferivelmente tratar de um só assunto. Divagações sobre outros temas, inspiradas em algum detalhe da matéria principal, distraem o leitor, que perde o fio da meada. É preciso, antes de começar a escrever, pensar maduramente no tema e no propósito de sua publicação. Ensinou-me a experiência que os melhores escritos não são os que se elaboram logo após estudar e pesquisar o assunto, mas os que ficam a sedimentar por algum tempo. No processo de organização mental, que então se desenvolve, delineia-se naturalmente o essencial, livrando-o da ganga que, no papel, seria o tropeço desanimador para quem lê.

“A unidade da matéria não se confunde com a monotonia. Quebre-se esta, onde cabível, com uma pitadinha de sal, uma crítica ou alusão a alguma circunstância atual familiar a todos os leitores. O que se deve evitar, repito, é incrustar no texto, como verdadeiras cunhas, informações alheias ao tema. Isso poderia caber num livro, que costumeiramente se lê mais devagar, voltando atrás quando necessário, não no jornal, que pressupõe leitura mais rápida e informação mais compacta.

“O humano jamais deveria faltar no artigo de divulgação; ideal é que o leitor sinta que a ciência não acontece por si, mas decorre do trabalho de pesquisadores. O que há de aventura na descoberta faz o artigo palpitar. Infelizmente, as limitações do espaço nem sempre possibilitam esse tipo de narrativa. Ainda aqui, o livro ou a revista são melhores veículos para a divulgação científica. Convém insistir, e muito o tenho feito, na conveniência de humanizar os textos científicos, sejam de divulgação, sejam de ensino regular. A ciência adquire nova dimensão quando penetrada pela história e pela meditação filosófica.

“Não é pelo artigo de divulgação filosófica que o autor se impõe como cientista sábio, embora um cientista às vezes se torne mais conhecido e respeitado pelo público depois que se faz divulgador. Para isso, entretanto, é preciso abdicar de todo jargão de sua especialidade. Ao leitor, excetuados os maníacos em colecionar preciosismos, não interessam palavras difíceis, mas os fatos e conceitos a que elas correspondem.

“De quantas qualidades contribuem para estabelecer ponte entre o escritor a mais eficiente, tenho percebido, é a sinceridade. O que se escreve com essa chama penetra com tal intensidade o espírito do leitor que este pode até acabar fazendo do seu constante autor uma espécie de conselheiro. [...]