Será a festa da uva, como costumava dizer a saudosa Nair Bello. Pois o governo acabou de anunciar medidas de estímulo ao consumo, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que incide no preço de eletrodomésticos.
Não sou contra tais medidas, nem contra o consumo, que, mantido em bons níveis, contribui para a existência de uma economia saudável. O problema está no consumismo, que resulta não de fatores econômicos, mas tem motivações sobretudo culturais, também resultado da carência de valores mais consistentes, permanentes e/ou transcendentes, no meu entendimento.
Nesse sentido, fiquei espantado com a tal Black Friday, no último dia 25. Mais uma mania norte-americana importada oportunistamente para o Brasil. Ao ver reportagens na TV sobre as promoções feitas nesse dia, e a euforia de brasileiros querendo aproveitá-las, em correria desenfreada, tal qual liquidações de início de ano, fiquei de boca aberta – não de inveja, mas sim de espanto, de assombro –, simplesmente embasbacado com tamanhas demonstrações de fúria consumista.
Concordo que as promoções tenham sido muito boas. Mas é preciso tanta ânsia, tanta obsessão por comprar? E detalhe: nos Estados Unidos, a Black Friday acontece logo após o tradicional Dia de Ação de Graças – ou seja, não foi apenas o Natal que se tornou uma data religioso-consumista, mais uma contradição de nossos tempos pós-modernos.
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