Vem também com dois DVDs – a um dos quais já assisti – com o conteúdo de palestra do alemão Tolle na comunidade escocesa Findhorn, uma espécie de retiro espiritual com exuberante paisagem, de onde vêm as fotos do livro, tiradas pelo próprio autor.
Quem vê Tolle pela primeira vez em vídeo provavelmente sente alguma estranheza: baixinho, curvado, com cara e jeitão de nerd, voz baixa e vagarosa, a sensação que fica de início é de que as quase duas horas do primeiro DVD vão se passar sofridas e sonolentas – ou então serão trocadas por qualquer outra atividade.
Mas não é o que acontece: Tolle nos fala sobre a importância do silêncio e do contato com a natureza de maneira tão lógica, envolvente e consistente, que o tempo passa e percebemos o que é, de fato, viver o agora.
Em harmonia com a natureza é normalmente classificado como livro de autoajuda. Discordo do uso desse termo, talvez criado para denominar obras e práticas categorizadas como inferiores, capciosamente. O próprio termo “autoajuda” (agora sem hífen, segundo nossa nova ortografia) traz em si uma contradição, visto que toda ajuda, em tese, pressupõe a ação de uma pessoa em prol de outra – “ajudar” vem de adjuto, do latim, com a presença do prefixo “ad”, que corresponde a “junto de”, “em direção a”. Portanto, em princípio não pode existir uma autoajuda propriamente dita.
Seja entre os livros classificados nessa categoria, como em qualquer outra, da ficção à poesia, dos de arte aos técnicos, há sempre bons e ruins, ótimos e péssimos, ainda que haja gosto para tudo. Em harmonia com a natureza sem dúvida está entre os bons, talvez entre os ótimos. Não vejo como julgar ruins concepções como esta:
“A mente consegue entender um jardim projetado por um paisagista, mas a floresta é caótica. Ela esconde uma ordem mais elevada que o intelecto não é capaz de compreender. Entretanto, conseguimos perceber essa ordem quando ficamos em silêncio. Somos parte dela, somos parte dessa concepção sagrada.”
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