Assisti, no último fim de semana (30 de setembro a 02 de outubro), na capital paulista, ao IV Simpósio de Saúde e Espiritualidade, promovido pelo Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade (Nuse), da Unifesp.
Com palestras cujos temas seriam vistos de esguelha por grande parte da comunidade científica, como “O poder da prece na cura”, “Perdão como terapia”, “O valor da homeopatia na cura”, “A força dos xamãs” e “Cura espiritual sob a ótica da ciência”, o evento me surpreendeu não por mostrar o interesse de muita gente ligada à ciência – o auditório esteve quase todo o tempo lotado – nas intersecções entre espiritualidade e saúde, mas sim por apresentar um volume significativo de pesquisas nesse campo, nem tanto aqui no Brasil, mas principalmente nos Estados Unidos, justamente o país que muitos considerariam o mais resistente a esse tipo de abordagem.
Um dos expoentes nessa vertente é Harold Koenig, da Universidade de Duke, autor de mais de 280 artigos científicos, especialmente relacionando religião, espiritualidade e saúde, citado em várias das quase vinte conferências do evento. Igualmente foi mostrado que já há mais de 4 mil artigos acadêmicos com o termo “spirituality” e nada menos que 40 mil com “religion”, na literatura médica norte-americana.
Ao término do evento, saí com a boa sensação de que já não era sem tempo a academia começar a se dedicar ao estudo da influência da espiritualidade na vida humana. É verdade que isso não significa que a ciência passará necessariamente a ver a dimensão espiritual como algo consistente, que vá além das meras crenças. Mas sem dúvida já é um bom começo, e quem sabe a ciência do século XXI não vá ser marcada tão somente por avanços na genética, na nanofísica ou na robótica, expandindo seus horizontes de fato para além do que podemos enxergar.
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