Não vejo, porém, muito o que comemorar. A maioria dos que nascem hoje, ou seja, a maior parte dos que contribuem para que avancemos rumo ao oitavo bilhão de residentes na Terra, está em países que ou se encontram em condições miseráveis de vida, como muitos – ou quase todos – da África, ou não conseguiram ainda superar os enormes contrastes entre seus grupos sociais, caso da Índia. Portanto, simplesmente atribuir a evolução quantitativa de nossa população à medicina, à ciência ou ao progresso implica aceitar uma intrincada contradição.
Cada ser humano que habita este planeta é um universo à parte. E um universo cujos potenciais só poderão aflorar se tiver saúde, educação, segurança e habitação em níveis minimamente dignos – o que não ocorre a bilhões dentre os 7 bilhões hoje alcançados.
Só haverá motivos para festa quando chegarmos a zero: zero passando fome, zero morrendo de doenças cuja existência nos é razão de vergonha, zero sem saber escrever ou se expressar com o mínimo de fluência, zero sofrendo qualquer forma de violência de seu próprio semelhante, zero morando nas ruas ou em outros locais insalubres, zero vítimas de injustiças inconcebíveis ou de tragédias que poderiam ser evitadas... e tantos outros zeros que os séculos custarão a presenciar.
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